“Não existem profissões masculinas e o setor de IT não é exceção, mas infelizmente os números ainda não demostram esta realidade”

 

Iniciou a carreira na área de IT antes dos anos 2000. Conte-nos um pouco do seu percurso.

Há 23 anos atrás quando iniciei o meu percurso profissional não senti qualquer diferença face aos meus colegas, sempre senti que pudéssemos percorrer o mesmo caminho e sempre me senti um membro grupo. Apesar de trabalhar numa área maioritariamente masculina, considero que todo o meu percurso foi feito de uma forma muito natural, onde o género nunca foi um entrave para qualquer projeto onde estive envolvida. Na CGI tive oportunidades de desenvolvimento que me permitiram desempenhar diferentes roles, roles técnicos e de gestão, em contexto nacional e internacional. Alguns contextos poderão ser mais difíceis que outros, mas nunca duvidei que existe sempre uma forma de contornar as dificuldades e ser bem-sucedida.

Portugal está preparado para acolher mulheres neste mundo profissional?

Felizmente trabalho num país e numa organização onde a mulher é valorizada, é escutada e é suportada no seu trabalho. Existe na CGI uma preocupação para que seja possível conciliar a vida profissional com as responsabilidades familiares, um equilíbrio que considero fundamental. A maternidade é algo porque passei também de forma muito tranquila, sendo que a licença de maternidade foi maioritariamente gozada por mim, mas sempre soube que a minha organização contava comigo. Trabalhámos para a minha reintegração e não sinto que, de alguma forma, tenha existido uma desaceleração da minha carreira por ter sido mãe. Fico contente por ver que estamos a assistir a uma evolução, na medida em que já existe um cuidado para que as responsabilidades sejam distribuídas de uma forma mais igualitária entre pais e mães.

 

É notória a desigualdade no número de homens e mulheres na sua área de trabalho?

Não existem profissões masculinas e o setor de IT não é exceção, mas infelizmente os números ainda não demostram esta realidade. A paridade e o equilíbrio ainda não foram alcançados, mas estamos a caminhar para lá e é preciso continuar a falar sobre o tema, é fundamental continuar a educar toda a população, desde pequeninos, e transformar a sociedade de uma forma global. Além disso, é preciso motivar as mulheres para saberem que podem ser curiosas, podem ser criativas, podem ser inventoras e provar que podem fazer o que querem, sem condicionantes de género.

No meu grupo de trabalho somos várias mulheres, mulheres inteligentes, determinadas, de várias gerações. Posso dizer que na CGI o género não é relevante, mas sim a pessoa, isso é notório na forma como interagimos, na forma como são constituídos os grupos de trabalho, em que o que conta são os skills que cada pessoa tem e o valor acrescentado que pode trazer para determinado projeto. O mais importante é o conhecimento a atitude, a aptidão e o querer seguir um determinado caminho.