Autor: José Pratas, Head of Innovation and Partnerships, CGI

Nos últimos anos temos vindo a assistir a um mundo em mudança, num processo de transformação acelerada, com impacto direto na forma como vivemos e trabalhamos. Num tempo dominado pela incerteza, a inovação, colaboração e tecnologia passaram a assumir um papel determinante para o sucesso das organizações.

Neste contexto, as organizações precisam de liderança, criatividade, e de inovação assente na colaboração e tecnologia, porque não é possível continuar o que se fazia, à velocidade com que se fazia, pois só assim é possível aproveitar esta oportunidade única de repensar muitos dos processos e a forma como são executados.

Em tempos, a ideia subjacente à inovação era a de ganhar uma vantagem competitiva perante os concorrentes, mas hoje é mais do que isso, é uma questão de sobrevivência em muitas organizações e setores. A chave da inovação está agora na criação de valor e no impacto que o novo processo/serviço/produto vai gerar, mais do que na sua capacidade de rutura. É uma oportunidade única de repensar processos e a forma como são executados.

Perante o novo paradigma, onde a inovação é um imperativo, é possível observar nas organizações mais inovadoras um conjunto de características comuns:

  1. Estreito alinhamento da estratégia empresarial e de inovação: neste domínio, diz-nos a experiência dos inovadores que 70% das iniciativas de inovação devem estar relacionadas com o core das atividades da empresa, 20% com temas que sejam complementares, e apenas 10% com outros realmente disruptivos.
  2. Foco no desenvolvimento da cultura de inovação em toda a empresa: A inovação deve estar enraizada no modelo de negócio. Caso não esteja, é preciso acelerar e desenvolver a cultura de inovação em todos os departamentos, tornando-a um pilar reconhecido em todas as frentes da organização.
  3. Envolvimento da liderança de topo na estratégia de inovação: para que a inovação aconteça nas organizações, tem de existir uma visão partilhada, incentivada e vivida por todos os colaboradores, incluindo pela liderança de topo. Só assim é possível transpor a cultura de inovação, verdadeiramente, para toda a organização.
  4. Rigoroso controlo da seleção de projetos no início do processo de inovação: sendo a inovação a geração sistemática de valor, através da materialização de ideias, é preciso reconhecer e aceitar que as mesmas têm potenciais diferentes, sabendo que algumas delas não vão ser bem-sucedidas. O rigoroso controlo da seleção de projetos, em que as organizações se focam e investem os seus recursos e tempo, vai definir o sucesso ou insucesso da sua inovação.
  5. Inovação assente nos insights dos utilizadores finais: com o crescente volume de dados a que as organizações têm acesso, e através de uma análise de dados correta, é possível ter acesso a insights precisos sobre a experiências dos utilizadores com determinado produto ou serviço. Este conhecimento é fundamental para garantir que a inovação tem por base problemas/desafios reais.

A mudança e incerteza são o novo normal e a inovação um imperativo. Assim, a capacidade das organizações para aproveitar esta oportunidade vai ser decisiva para que se tornem mais preparadas, ágeis e resilientes. O não fazer nada não as deixa iguais, deixa-as pior, porque o tempo passou e a oportunidade perdeu-se. Como disse Darwin, “não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta à mudança”.